Fluminense aposta na interatividade em sua nova sala de troféus

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TechTudo visitou a nova sala de troféus do Fluminense, que aposta na interação e na modernidade, em contraste com o ambiente de um clube tradicional e sua sede tombada pelo Patrimônio Histórico. A sala traz várias soluções tecnológicas e cenográficas criadas especialmente para que o visitante possa interagir com a história do clube de uma forma inédita.
Sala de Troféus do Fluminense - Linha do tempo interativa (Foto: Bruno Haddad / Fluminense)Linha do tempo interativa (Foto: Bruno Haddad)
Linha do tempo interativa
O painel interativo é o cartão de visitas da exposição e permite a navegação pela história do Fluminense através de décadas ou ano a ano. Ele é composto por três módulos com um MacMini, um sensor Kinect e um projetor com resolução 1024 x 768 cada, totalizando 3096 x 768 pixels. O primeiro computador controla os outros e faz com que as emendas das animações entre os projetores fiquem alinhadas. A interação é feita com Kinect: você se posiciona na frente do painel e controla tudo por gestos. Três pessoas podem usar o sistema ao mesmo tempo e, por uma questão de limitação de espaço, cada um precisa de um metro ao redor para não se sentir "invadido".

Todas as telas são controladas por um iPod touch, que é protegido por senha e outros protocolos de segurança. Caso qualquer um dos sistemas trave ou pare no meio, a empresa tem um backup redundante em máquina e um recurso que reinicia a aplicação novamente. O sócio da 32Bits Daniel Morena conta como funciona o sistema: “Se a aplicação fecha, ela volta sozinha, com um recurso do Unix que consegue mantê-la funcionando o tempo todo. É o mesmo aplicativo que mantém os servidores e outros pontos críticos funcionando."
O conteúdo do painel, que oferece as opções de exibição dos textos em inglês e português, pode ser atualizado a qualquer momento. Existem alguns vídeos de gols no painel, mas seria perfeito se pudessem ser exibidos alguns de cada conquista. Isso envolveria direitos autorais e daria um bom trabalho ao departamento jurídico do clube, mas seria um esforço que poderia valer a pena, pois aumentaria muito a sensação de imersão do projeto. 
A estrutura na qual o painel está montado chama a atenção. “Tudo precisou ser construído do zero. Não dá para pensar só na tecnologia, você precisa criar algo que possa ser integrado com o todo”, conta outro sócio da 32Bits, Danilo Medeiros. “O importante foi não perder o espírito do Fluminense, que é a fidalguia, a aristocracia do futebol."
Identidade visual clean
Esta coisa de misturar a arquitetura com o design de produto não é algo trivial no mundo dos computadores. Você sai do desktop e passa a pensar literalmente fora da caixa"
Daniel Morena diz que a identidade visual se confunde com o design. "No fundo, o que a gente faz é um grande produto, que tem a ver com a cenografia, com o espaço vital. Esta coisa de misturar a arquitetura com o design não é algo trivial no mundo dos computadores. Você sai do desktop e passa a pensar fora da caixa."
Alguns detalhes do piso tombado da sala de troféus do Fluminense foram usados na identidade visual do projeto. Daniel Morena explica: “Um dos grandes méritos da identidade visual é que a linguagem do futebol normalmente é prolixa, cheia de elementos. Ao contrário disto, o Fluminense sempre foi um time clean, e tentamos preservar isto neste espaço, tornando a visita mais leve, mesmo cheia de conteúdo, com informação infinita."
Painel do 'time de guerreiros' (Foto: Nick Ellis)Painel do 'time de guerreiros' (Foto: Nick Ellis)
A sala também conta com soluções interativas não-eletrônicas, como o painel que presta homenagem aos grandes jogadores da história do Fluminense. Nele, a interação é física: ao girar o rosto você consegue ver a ficha técnica de cada atleta, com a história e as informações sobre gols e partidas disputadas.
Procurando retratar a experiência de um vestiário do Fluminense, a sala seguinte traz um grande telão com imagens e cantos da torcida. Não existe interação, mas homenagens em vídeo ao torcedor símbolo do clube, Careca, e ao roupeiro Ximbica, que trabalhou nas Laranjeiras durante toda vida. Nesta sala também está a explicação para o termo "torcedores": eram mulheres que frequentavam o estádio das Laranjeiras e torciam seus lenços.
Kinects para todos os lados
Espelho mostra camisas históricas do Fluminense (Foto: Nick Ellis)Espelho mostra camisas históricas do Fluminense (Foto: Nick Ellis)
Voltando ao lado tecnológico da visita, há também um espelho interativo com os uniformes históricos do Fluminense. Um Kinect reconhece se a pessoa na frente do espelho é um adulto ou uma criança, e a "veste" com 32 uniformes que fizeram história no clube.
Totem interativo mostra jornais com conquistas do Fluminense (Foto: Bruno Haddad / Fluminense)Manchetes do Fluminense (Foto: Bruno Haddad)
Depois de passar pela área de exposições temporárias, que na inauguração presta uma homenagem ao centenário de Nelson Rodrigues, o torcedor mais ilustre do Fluminense, chegamos à sala de exposição propriamente dita. 
A primeira coisa que chama a atenção é o totem interativo com as primeiras capas dos jornais trazendo todas as notícias dos campeonatos conquistados pelo clube. O sistema é uma HDTV controlada por um MacMini e conectada a um sensor Kinect. Ao posicionar as mãos sobre a tela, o visitante pode navegar pelas capas, manchetes, charges dos jornais, fazendo um verdadeiro passeio sobre a história do clube. 
Atrás dos troféus, dois grandes painéis mostram fotografias históricas do Fluminense, e contam com o apoio de dois iPads que mostram todas as informações sobre as conquistas.  
iPad serve de apoio para o painel de fotos (Foto: Nick Ellis)iPad mostra informações sobre as taças e as fotos (Foto: Nick Ellis)
“O iPad é um recurso expositivo muito interessante, pois, como o ambiente é reduzido, fica impossível mostrar tudo, então com o tablet você consegue conhecer a história de cada foto exposta”, conta Danilo Medeiros.
Rádio com narrações dos gols (Foto: Nick Ellis)Rádio com narrações dos gols (Foto: Nick Ellis)
Usando dois “rádios” equipados com fones de ouvidos, os visitantes podem escutar a narração de todos os campeonatos que o Fluminense conquistou desde 1964. O botão destes rádios foi montado com um contador de giros de um HD, e quando o visitante “muda a estação”, a informação vai para uma placa Arduino que se comunica com o iPod, que faz a interface gráfica através da conexão Wi-Fi.
Visitantes podem compartilhar cartões postais (Foto: Nick Ellis)Visitantes podem compartilhar cartões
(Foto: Nick Ellis)
Para terminar a visita, os torcedores podem enviar cartões postais, que ficam hospedados no Flickr e podem ser compartilhados no Facebook. “A gente podia ter usado um servidor próprio, mas decidimos usar o Flickr para aumentar a viralidade dos postais” conta Daniel Morena. “O sistema tem uma fila caso aconteça algum problema no acesso à Internet, e, assim que a conexão é restabelecida, envia para o Flickr.”
Acervo digital
Danilo Medeiros lembra que a nova sala de troféus foi desenvolvida pelo Flu-Memória, instituição que guarda o patrimônio da memória do Fluminense. "Muitas taças estão guardadas, pois não cabem neste espaço, mas aqui está a essência de tudo de mais importante que o Fluminense conquistou na sua história."
Através da tecnologia e da interação, conseguimos oferecer oportunidades para visualizar conteúdo. Ela cria estas pontes para a memória"
E Daniel Morena resume o objetivo do projeto: “A tecnologia cria uma nova dimensão de espaço que não existe, você tem a oportunidade de folhear documentos e ver coisas que não poderia sem uma luva ou um local especial. Através da tecnologia e da interação, conseguimos oferecer várias oportunidades para visualizar conteúdo. A tecnologia cria estas pontes para a memória.”

Confira no vídeo abaixo o painel interativo e outros destaques tecnológicos da sala de troféus. 

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